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Ensino lá ou cá?

O jovem frequenta uma instituição educacional não apenas com o objetivo de assimilar o conteúdo programático, mas também para vivenciar boa sociabilização e obter uma formação apoiada nos pilares: aprender a conhecer, fazer, ser e conviver.

Tales de Sá Cavalcante

05/12/22

O jovem frequenta uma instituição educacional não apenas com o objetivo de assimilar o conteúdo programático, mas também para vivenciar boa sociabilização e obter uma formação apoiada nos pilares: aprender a conhecer, fazer, ser e conviver.

O projeto de lei que retira do ambiente escolar a exclusividade do processo ensino-aprendizagem e permite, no Brasil, a opção por instrução domiciliar (“homeschooling”) foi aprovado pela Câmara dos Deputados e aguarda a apreciação do Senado e da Presidência da República.


De 01/01/2019 até aqui, tivemos seis ministros no MEC. Alta rotatividade em tão pouco tempo traz ineficiência. Não se sabe se a infeliz iniciativa foi do ministro da Educação 01, 02, 03, 04, 05 ou 06. Contra o projeto, surgiu um manifesto de 427 entidades, entre elas a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). A ONG Todos Pela Educação também protestou.


Segundo Freud, “pode-se estar seguro de chegar a resultados insatisfatórios em três ofícios: psicanalisar, governar e educar”. Mais imperfeições ocorreriam se as aulas fossem dadas por quem não é professor. E, mesmo que mãe e pai dominem os conteúdos programáticos, o jovem frequenta uma instituição educacional não apenas com o objetivo de assimilá-los, mas também para vivenciar boa sociabilização e obter uma formação apoiada nos quatro pilares da educação preconizados pela Unesco: aprender a conhecer, fazer, ser e conviver.


Há quem diga que o “homeschooling” surgiu como um meio de mães e pais blindarem seus filhos de ideologias transmitidas nas aulas. A ser verdade, cometem um engano. Ao diagnosticar-se alguma falha no processo, devemos corrigi-la sem apenar o aluno.

Concedamos aos aprendizes a possibilidade de deslizar e voar. Afinal, um adolescente tem o direito de ser de direita ou de esquerda, capitalista ou socialista. Mais tarde, ele se definirá. Assim, ele observará as seguintes citações de Lauro de Oliveira Lima: “Não se deve transformar a mediocridade em valor de vida” e “Em uma perspectiva de Piaget, numa escola não existe a palavra ensinar, o professor vai provocar, estimular o aluno.” Por fim, “Tudo está fluindo. O homem está em permanente reconstrução; por isto é livre: liberdade é o direito de transformar-se”.

Tales de Sá Cavalcante é reitor do Centro Universitário Farias Brito e diretor superintendente da Organização Educacional Farias Brito

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